COMPRANDO O AMOR NO CRÉDITO PARCELADO DEZ VEZES

Sabe, leitor, gostaria muito de sentar aqui e te contar todas as minhas bem-sucedidas aventuras no amor. Queria muito encher o seu coração de histórias bonitas e fantasias mirabolantes sobre o coração acelerado e estômago embrulhado. 

Mas seriam belíssimas mentiras. 

Nunca me apaixonei. Nunca cheguei nem perto. Nunca tive borboletas no estômago, pupila verdadeiramente dilatada e um coração que simplesmente pula batidas de euforia. É claro que, já fiquei com bochechas rosadas e turu turu lá dentro. Mas nunca senti um amor genuinamente correspondido.

E olha que eu já namorei.

E é esse ponto que eu queria chegar.

Leitor, eu aprendi de uma maneira dura que namorar e se apaixonar são duas formas completamente distintas de amor. Durante muitos anos, pensei que quando se namora, vem em um combo um amor no mínimo eletrizante. Assim que o cartão fosse passado, um pacto seria selado, em uma das parcelas um amor nasceria no peito e um romance clichê se instalaria no crédito junto com a senha.

E tive o meu coração quebrado quando descobri que não é assim que funciona. 

Sinceramente, leitor, amor é sinônimo de liberdade e se você ama alguém ao ponto de querer tê-la só para você, e você apenas, isso não é amor. É posse. Detesto ter que te contar isso, mas é assim que funciona. 

Sei como ninguém que a pior prisão do mundo é aquela que você quer sentir amor, quer ser amado, mas fica preso em uma versão atualizada de posse em pleno século XXI.

Não me entenda errado, namorar é lindo e eu sonho em casar. Mas não fique com alguém pela plena ideia de ter alguém. Se apaixone por alguém, não por ter alguém. Muitas vezes queremos uma história que tire suspiros sendo ultrarromântica em nossa vida para mostrar as outras pessoas que estamos vivendo uma comédia romântica da Netflix. 

Mas, sabemos que, quando as luzes se apagam, lá no canto esquerdo da caixa torácica, estamos mais próximos de um pesadelo sem fim, escrito por Rapahel Montes, do que um conto de fadas.

Leitor, você pode ser casado, estar namorando ou solteiro, mas entenda que, durante toda a sua vida, você nunca vai ter alguém. 

Pessoa não é coisa. Não se tem pessoa, não se compra pessoa, não se exibe pessoa.

Vire uma dupla, vire uma companhia. Mas nunca uma posse com data de aquisição, nota fiscal e termos de uso. Muito menos uma parcelada dez vezes no crédito. (Se for assim, pelo menos à vista).

O amor, leitor, vai chegar para mim e para você. Mas não se venda por uma chance de posse pensando que ao adquirir alguém, o amor vai vir de combo.

Com todo meu amor, 

como sempre, 

S. Ganeff

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