Vem, senta aqui.
Não quero saber do famoso “tudo bem, e você?”. Fica e me conta da sua vida. Como foi a sua infância? Qual é o nome da sua saudade? Que palavra faz seu coração bater mais rápido? Que memória te deixa suspirando?
A gente senta e troca histórias. Eu te digo como me perdi nos olhos castanhos mais claros que já vi e você, me conta da vez que fugiu da polícia.
Senta aqui foi meu lado e me conta seu maior medo. Me fala sobre aquele pesadelo que vira e mexe aparece em seus sonhos, me conta se acredita em mágica de verdade e faz um coelho sair da cartola. Diz baixinho para ninguém ouvir, todas as mentiras que você já contou, sua teoria sobre almas gêmeas, galáxias distantes e estrelas cadentes que mais parecem bitucas de cigarro. Quero conhecer cada curva de seu cérebro, aprendendo mais e mais sobre sua mente fantasticamente retorcida.
A gente se olha no olho e não se preocupa em causar uma boa impressão. Depois de algumas palavras, viramos apenas a gente. E sem ninguém para impressionar, nos damos ao luxo de ser alguém real, mesmo que apenas por algumas horas.
Deixe os “sei lá” e “não sei” fora da conversa, quero ouvir a sua teoria da conspiração favorita com todas as letras. Leve no bolso todas as combinações de palavras que nunca disse à ninguém. Esqueça a chave de seu diário em casa junto com as fotos do Instagram, leve para a conversa a sua melhor versão: real, honesta e vulnerável.
Faz esse favor, por nós dois e abra esse peito que está fechado faz tempo.
Eu, do outro lado da mesa, vou ouvir com atenção o som do ar que sai da sua boca e te conto uma lenda ou outra, para provar que você não é o único insano nesse mundo.
Então, vem.
Puxa uma cadeira e vamos falar os nossos coração para fora.
Com todo o meu amor,
como sempre,
S. Ganeff