Talvez, por pura curiosidade, os céus ajudem aquele idiota que ousa se apaixonar.
Para assistir de camarote o que vai acontecer dessa vez.
Para ter uma certeza de que alguma vez, pelo menos uma vez, o amor vai sorrir para ele da mesma forma boba que ele sorri ao ver uma chance de se apaixonar.
Talvez o destino e o acaso juntem as mãos para não serem tão malvados assim. Para provar que a vida pode valer a pena ser vivida. Mostrando que, às vezes, não sabemos de quem foi culpa. Talvez a magia tenha entrado no meio dos dois embaralhando tudo.
Talvez alguém jogou no lixo a razão, corou os sentimentos na pele e liberou as borboletas no estômago.
Pode ser que estejam todos esperando o coração ficar mais forte para quando chegar o momento certo, não errar nenhuma batida, não se engasgar nas palavras, desviar o olhar ou se perguntar por que está falando tudo que deu na telha.
Mas todo bom e velho idiota sabe que isso, não vai adiantar.
Pode ser que estejam todos de olho torcendo para que o idiota saiba que é amor quando se vê dançando às quatro da manhã a espera do sol para ser o primeiro a dar bom-dia.
Esperando que saiba que dessa vez é diferente, que nunca se sentiu assim antes.
Quando demore um tempo a mais no chuveiro cantando ou fiquei alguns minutos a mais no carro esperando a música acabar, saiba que foi porque o coração mandou.
Quem sabe, estão aguardando ansiosamente aquele olhar que incendeia a alma inteira.
Esperando o celular apitar com aquela mensagem de boa noite que salva todas as outras.
Implantando aquelas saudades que bate logo depois do tchau, tão forte quanto a saudade que o deserto sente da chuva.
Talvez os céus achem que o idiota tem sido um idiota durante muito tempo, e com um simples estalar de dedos, criam uma prova concreta que talvez o idiota não era tão idiota assim por acreditar um dia, o amor poderia chegar.
Com todo o meu amor,
como sempre,
S. Ganeff