CARTA ABERTA AOS MEUS DEZESSETE ANOS

São Paulo, 23:59, 11 de dezembro de 2020

Caro Dezessete Anos, 

Lembra quando a gente se conheceu? 

Você me deu um beijo e fez uma promessa: não seria igual ao cara passado, seria muito melhor. E eu, nunca mais seria a mesma.

Você pulou a minha janela durante a noite, e sentado no canto do meu quarto, me assistia transbordar todos os sentimentos do mundo em sangue de palavras. 

Me lembro que em uma noite você apontou o dedo para mim e disse que seria assim pelo resto da minha vida. 

Que tinha alguma coisa diferente dentro de mim e que só com a tinta das canetas BIC gastas na folha de papel, eu teria um propósito existencialista com talvez, uma pegada psicodélica. 

Me prometendo em poucos verbos um futuro grandioso, me disse abertamente que, eu tinha que aprender a deixar com que o mundo leia meu coração impresso.

Acumular sentimentos só para mim pode fazer com que falte nos outros.

(Essa última parte você ainda está me ensinando).

Lembra que durante dias e dias você me acordava com uma pilha de problemas do universo, jogava cada um no meu colo e dizia que entre os porquês sem resposta e as palavras sem sentido, eu teria de encontrar um caminho para seguir pelo resto da minha vida? 

Parte de você sabia que eu era madura o bastante para saber o peso das minhas decisões, jovem o suficiente para não me importar e criança na medida certa para brincar com o que encontrava na bagunça.

Sendo meu último ano de juventude imprudente, você me mostrou que apesar de ser a hora de fechar a janela, não deixando mais o Peter Pan entrar, muito ainda continua igual. 

As fofocas ainda são quentes, garotos ainda tiram meu fôlego, promessas grandiosas guardam a sexta-noite e as aventuras continuam sendo boas demais para serem confessadas aos pais.

Dezessete anos. Descobertas demais, sem nunca passar frio. 

Agradeço cada segundo que passamos juntos e nunca vou me esquecer que foi ao seu lado, Dezessete anos, que eu finalmente me descobri e dei o meu primeiro passo ao meu futuro.

E com essa carta cheia de drama, balelas, mensagens nas entrelinhas e lágrimas; me despeço de você. 

Com três shots de vodca, brindo aos meus anos da adolescência do jeito que tem que ser: 

com muito amor,

uma insaciável sede por aventuras

e vergonha na cara para ser quem eu tiver de ser independente do que o mundo quer que eu seja.

Com todo o meu amor, 

como sempre, 

S. Ganeff

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