Eu me esqueci.
Qual era o gosto dos seus lábios contra os meus?
Qual era a textura deles no fim de noite?
Acho que tinha um gosto diferente quando estavam misturados com saudades, mas não me lembro exatamente qual era.
Como que era mesmo o seu beijo?
Por favor me diga que havia algo nele que o tornava especial, tinha alguma coisa diferente, não tinha?
Tinha algo que fazia com que os meus nunca deixassem os seus, algo que encaixava, como nenhum outro se encaixou.
Mas, sei lá.
Esqueci.
Parte de mim temia que eu nunca te esqueceria. Que assim como uma tatuagem escolhida com muito álcool, você ficaria estampado nas minhas memórias. Uma espécie de lembrança ruim com resquício de coisas boas.
Mas enquanto eu temia, eu te esquecia.
Lentamente, você foi se apagando, foi ficando borrado, com buracos no meio, sem nada muito claro, com um beijo estreitamente esquecido.
Esvaído.
Essa é uma curta, porém devastadora tragédia, que só me dei conta hoje. Quando seus lábios estavam longe demais para serem recordados, e distantes demais para serem bem-vindos de volta.
Com todo o meu amor,
como sempre,
S. Ganeff