À TUDO QUE ME AGUARDA

Caro Futuro, 

Já me disseram que você bate na porta antes do que o previsto, se é que a gente prevê a sua chegada. 

De qualquer maneira, escrevo para fazer alguns pedidos humildemente importantes. Pode ser?

Ótimo. Antes de mais nada, por favor, seja gentil, tá?

É sério. Só peço a sua gentileza, o resto corro atrás. Nada que algumas sessões de psicanálise não ajudem, não é?

Tô zoando. 

Você será gentil e um divã não será necessário.

Agora, o que vem nas próximas linhas é mais um trato entre sócios, entende? 

Prometo nunca o decepcionar e nunca deixar com que a sua curva de aventuras aponte para baixo. 

Prometo que, a cada dia que você se aproxima, farei de tudo para estar pronta e, quando você finalmente vier, entrará em estado de choque. Nunca foi tão desafiado.

Eu vou sorrir e entraremos na segunda parte do acordo: quando você chegar e eu estiver nas suas mãos, você nunca vai me deixar esquecer do cara passado.

Nunca vai me deixar cair na desgraça de esquecer de quem eu fui, de onde eu vim e todo o trajeto necessário para chegar aos seus braços. 

E no meio disso tudo, você não sobe a minha cabeça, tá? 

Tipo, pode me deixar sonhar, beijar a lua, mas nunca empinar o nariz. 

Também não inclinar o coco para baixo, a coroa caí.

90º está perfeito. 

E assim, entramos então na terceira parte do acordo: só bons momentos.

Você me favorece bons ventos e eu te entrego boas histórias para você contar para seus irmãos Passado e Presente. 

Não vamos enganar ninguém, algumas tempestades são bem-vindas, mas só para me ensinar a remar mais forte, e eu te dou algumas lágrimas ao me assistir.

A maioria de alegria, mas lágrimas ainda sim. 

E aí? 

O que você acha? 

Tô pensando aqui, como sinal de contrato selado, pacto de sangue sem doença, você poderia pedir para o seu subordinado Presente, me dar muito coragem para te encarar e principalmente, acreditar que você leu estas palavras com a mesma intensidade que lê meus sonhos antes de dormir. 

E vai fazer com que tudo que eu mais desejo, aconteça.

Agora estamos conversados, não é?

Só não esquece, hein? Punhados de amor, xícaras de sorte, e muita, muita, muita gentileza. 

E por enquanto, transborde meu coração de coragem para olhá-lo nos olhos e deixá-lo orgulhoso.

Com todo o meu amor, 

como sempre, 

S. Ganeff

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