— Na verdade, meu nome é Rodrigo — ele disse levantando a cabeça do prato e me olhando nos olhos — mas como eu sou muito forte, tenho esse apelido.
Olhei para ele desconfiada enquanto ele fazia sua melhor cara de sério.
No final da noite, ele me mostrou seu RG provando que seu nome não era Rodrigo, e sim algo completamente inusitado que eu nunca tinha ouvido antes.
Naquela noite, eu descobri como o nome tem uma grande influência nas pessoas que o recebem. O nome, mostra como um ar que sai da boca em forma de som, alinha os pensamentos do mundo quando nos vê, mas principalmente, como nos vemos. Pode soar estranho, mas o nome, persegue quem o tem.
“Rodrigo” era um cara normal, que jantou comigo em um restaurante normal na Praça VilaBoim, mas seu nome o fazia acreditar que algo além de seu caráter o tornava único.
A mesma dúvida que tive no jantar ao ver o RG de “Rodrigo”, ele tinha toda noite quando não se sentia bom o suficiente. O mesmo ponto de interrogação, descia durante da minha frase e ia para a linha de baixo assombrar os sonhos dele, o fazendo o questionar na manhã, a imagem que o espelho refletia.
Simples assim, o nome deixa de estar em chaveiro em lojas de conveniência e tilinta no ego.
Há uma média de meio milhão de Rodrigos no Brasil. Não há ego a preencher, expectativa a cumprir, imagem a manter; sendo maravilhosa a opção de escolha sobre o que vai te tornar único. Sua personalidade, seu sorriso ou sua maneira de ver o mundo.
Às vezes, se chamar Rodrigo, é mais extraordinário do que ter um nome não convencional.
Com todo o meu amor,
como sempre,
S. Ganeff