São Paulo 21 de outubro de 2020
Ei!
Desculpa, mas você não pode ler essa carta.
É estritamente proibido.
Considerado pelas autoridades legalmente ilícito saber quais palavras escolhi para tirar do meu peito e estampar no papel tudo que eu sinto aqui dentro.
Saber tudo que transbordo, de mais profundo que se agita quando ouve sua voz.
Você não pode saber qual verbo escolhi para colocar na frente do seu nome. Muito menos o adjetivo que vem depois.
Simplesmente não pode ler meus pensamentos poéticos sem licença poética.
Você não pode saber dos meus segredos mais obscuros, não pode ouvir expressões que não disse a ninguém, nem as verdades tão claras que podem cegar.
Você não pode saber quão profunda sou tendo 1.67.
Como meus olhos claros podem refletir a escuridão.
E assim como posso fazer textos para você rir, posso fazê-lo chorar em um único parágrafo.
Desculpa, mas tem coisa que você só não pode saber.
Tem cartas que não foram feitas para ler.
Mas cá está você, devorando cada linha como um prato de lasanha, não é?
Talvez você seja mais rebelde do que pense.
Muito bem. Vou escrever então, letra por letra tudo o que você nunca, jamais, poderia ler.
Preparado?
Com todo o meu amor,
como sempre,
S. Ganeff
Não posso com ideias reversas!
Bem-vinda de volta!
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hahahah muito obrigada, Lara!
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