É tudo um pouco muito trágico, não é?
O seu último sorriso direcionado para mim, minha última risada da sua piada, sua última cara de bobo, meu último olhar apaixonado, nossa última viagem, aquele último beijo.
Trágico demais.
A sensação antes de desligar a ligação, o momento que fecha a porta quando a vista vai embora, quando o carro da partida, nossas mensagens de vez em quando e ligações rápidas preenchidas de saudades.
Até mesmo quando o filme acaba, quando o pote de sorvete tem feijão, sua loja favorita fecha, aquela foto não tem tantas curtidas, ninguém lê o seu blog.
É trágico não, é? Principalmente essa última linha, me identifico constantemente.
O mundo é tão trágico. Mas a gente aprende a superar as partes de tragédia, não é? Pelo menos alguns de nós.
Sabe, poderia ficar horas aqui contando como você chorou quando derrubaram a árvore na frente da sua casa, como a pipoca ficou queimada, como ainda penso em você quando sento cheiro de cigarro e você entra na livraria cheirando cada página pensando em mim.
Mas seria trágico demais, triste demais.
Se quiséssemos chorar assistiríamos Datena seguido de Titanic.
Noite da tragédia.
Te digo apenas que tudo que é seguido do seu nome é trágico demais. A forma como foi mais um anjo corroído pelo seu lado demoníaco, mais uma lagarta que ainda espera virar borboleta, mas nunca foi. Mais um passarinho sem ninho, tragicamente incapaz de voar.
Quem vê pensa que você é a Vítima em pessoa. Uma pena. Quem vê pensa que você acabou adquirindo um gosto pela tragédia de tanto vivê-la, mas poucos sabem que para você, o papel em filmes trágicos são os que ganham o Oscar.
Trágico, não é?
Com todo o meu amor,
como sempre,
S. Ganeff