Desculpa, mas eu tô indo embora.
Já falei por vezes demais essa frase, que agora, as palavras saem da minha boca de maneira tão natural, que o meu coração nem sente o efeito.
Fica tudo no peso do seu.
Já tô com as passagens na mão, mala na porta, minha mãe chorando à dias e com até carona especial para o aeroporto. Mas quem vai me deixar é você.
No silêncio.
Nos nossos últimos minutos juntos, você não vai me dizer o que sempre quis? Dar uma chance para um último beijo? Declarar um amor para sempre perdido?
Não vai correr atrás de mim no aeroporto?
Não precisa fazer uma cena, me caçar entre os portões de embarque esbarrando em que ousasse cruzar o seu caminho em busca do amor, mas pelo menos, faz um favor antes de me deixar partir, alivia dois corações me dando um abraço de despedida.
Entrelace seus braços na minha cintura, deixe que suas mãos sintam o tecido da minha roupa em forma de despedida.
Deixe suas mãos reconhecerem o trajeto que faziam tantas fezes, sentindo o meu calor por uma última vez.
Fungue o perfume do meu cabelo que você tanto gosta, sussurre no meu ouvido. Pode ser palavras sem nexos, fatos científicos, quem ganhou o Brasileirão, verdades guardadas no seu coração, qualquer coisa. Mas não me deixe com fantasmas de palavras que nunca foram ditas.
Se as lágrimas me permitirem, te prometo que eu sussurro no seu.
Pode até me mandar uma mensagem, curtir uma foto minha de vez em quando e dizer que vai me visitar, faça qualquer coisa, mas te peço:
por favor, não me deixe perdida em seu mórbido silêncio.
Com todo o meu amor,
como sempre,
S. Ganeff