O carro parou na frente da casa dela no final da rua. Eu olhei para o banco traseiro sentindo o coração acelerar. Ela limpou a lágrima com o dedo.
— Adeus — disse com fungada.
— Vou sentir saudades.
Ela abriu a porta traseira e eu abri a minha. Na rua escura, ela olhou para dentro dos meus olhos com os dela molhados, dando um sorriso torto disse:
— Santo Deus, eu vou sentir a sua falta.
Não resisti, fui até ela e dei o abraço mais apertado que podia, como se fosse me fazer ficar. Ela me apertou com força enquanto eu puxava o ar com coragem tentando me lembrar para sempre do cheiro que ela trazia.
— Três anos, — ela disse em meio ao meu cabelo — três anos e a gente se vê de novo. É uma promessa. Você vem para cá ou eu para lá, mas não vamos passar de três anos.
Saí dos braços dela com um sorriso triste e com os olhos pingando.
— Prometo. Três anos — disse com todo o meu coração.
Ela me deu mais um abraço e foi para porta. Parou com uma mão na maçaneta e a outra limpando os olhos.
— Até amanhã na escola.
— Mas eu não vou na…
— Eu sei — seus olhos brilhavam — mas é reconfortante para o meu coração pensar que sim.
Dei um sorriso largo.
— Vou sentir muitas saudades. Te amo.
— Te amo mais — abriu a porta devagar — até daqui três anos — disse com os olhos brilhando e fechando a porta atrás de si.
E eu, nunca mais a vi. Voltei para casa com o peito vazio, sentindo como se parte de mim tivesse sido arrancada.
Essa leitor, foi uma despedida de volta. A mais dolorosa e eterna, onde a saudades rasga o coração tirando tudo que tem dentro. Uma despedida que você sabe que nunca mais vai ver aquelas pessoas, pelo menos, nunca mais da mesma maneira. São voltas doloridas que você sabe que um oceano vai os separar, uma ferida aberta vai nascer no seu peito e não há nada que você possa fazer além de sentir saudades e ligar de vez em quando.
Mas ao mesmo tempo, uma despedida reconfortante pois vai matar a saudades que estavam na ida. Quando você foi e sabia que iria voltar. Aquele adeus temporário que logo vai acabar, uma saudade que vai nascer assim que você se for, mas sabe que vai acabar e tudo vai voltar como era antes. Não importa muito para onde você, tudo vai continuar igual.
Eu e você, leitor, somos feitos de eternas despedidas, tanto de idas quanto as de volta. Desde o fim de algo que não foi eterno ao botão de desligar de uma ligação.
Elas ficam na nossa caixa torácica dividindo espaço com o pulmão e o coração. Às vezes, a saudades tira o nosso ar e entala na garganta, outras, a falta aperta o coração, mas marcam em nossas costelas, todas as almas que cruzaram o nosso caminho que são poeticamente difíceis de se despedir.
Com todo o meu amor,
como sempre,
S. Ganeff